sexta-feira, 30 de outubro de 2009

A Esquerda Militar no Brasil


É comum identificarmos os militares com a repressão aos movimentos sociais e o exercício ditatorial do poder político. Alguns importantes fatos historicamente mais recentes - como o golpe militar de 1964, a tragédia de Volta Redonda, a repressão à greve dos petroleiros e a recente 'qualificação' do batalhão de Campinas para reprimir os movimentos populares e sociais - são provas da presença ativa, política e repressora, das Forças Armadas nos rumos da política brasileira. Historiadores liberais situam na proclamação da República o início de um longo ciclo de intervenções militares na política. Preferem, claro, militares à moda inglesa ou estadunidense, massacrando povos e pilhando o planeta em nome da liberdade de comércio, mas sempre obedientes ao 'poder civil'. Sem dúvida, a república nasceu, entre nós, de um golpe militar, o que vai se repetir em 1964, em contraposição à política reformista do então presidente João Goulart. Como falar, então, de esquerda militar? Como explicar a inspiração moral e política dos jovens oficiais abolicionistas e republicanos que derrubaram o Império em 1889, dos ‘tenentes’ da década de 1920 e dos militares antiimperialistas da década de 1950? Como explicar a posição, ao longo dos anos de 1990, relativa à defesa da soberania nacional contra o rolo compressor do imperialismo estadunidense e de seus sócios, quando militares, embora longe de serem de esquerda, situam-se à esquerda dos governantes neoliberais? Em busca da resposta a essas questões, o autor encontra indícios da origem de um pensamento progressista entre os militares em vetores morais e políticos ainda no Império. A partir de então, registra as diversas e importantes participações progressistas militares em capítulos importantes da história do país no século 20, recuperando para a nossa memória histórica a existência de setores progressistas - e mesmo do que ele denomina esquerda militar - nas Forças Armadas.

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